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Todos os Homens honestos mataram César. A alguns faltou arte, a outros coragem e a outros oportunidade mas a nenhum faltou a vontade
- Marcus Tullius Cicero -


sábado, 27 de outubro de 2007

 

A classe senatorial e a ordem equestre


No topo da hierarquia social romana situava-se a ordem senatorial(1), cujos membros tinham de possuir uma fortuna avaliada em mais de um milhão de sestércios. Esta classe constituia uma elite privilegiada, possuidora de grandes propriedades rurais (latifúndios), cultivadas por escravos ou por rendeiros livres.

legionário
Entre os privilégios da classe senatorial contava-se o direito a exercer as mais altas funções públicas, como por exemplo magistrado, senador, governador de províncias ou grande sacerdote (cortejo de senadores).
No nível situado imediatamente abaixo da classe senatorial encontrava-se a ordem equestre, constituída por cavaleiros(2). Tratava-se de um grupo de plebeus enriquecidos - grandes negociantes, empreiteiros de obras públicas, etc. - dispondo de fortunas superiores a 400 mil sestércios. Alguns deles eram libertos, isto é, antigos escravos a quem os seus senhores tinham concedido a liberdade.
A influéncia da ordem equestre na sociedade romana foi-se acentuando pois os imperadores, para limitar o poder da ordem senatorial, passaram a apoiar-se nos cavaleiros, nomeando-os para importantes cargos políticos e administrativos.

(1) A ordem senatorial designava-se assim porque os seus elementos eram os únicos que podiam ser nomeados senadores, isto é, membros do senado, um dos principais orgãos do governo do Império Romano.

(2) Os cavaleiros eram indivíduos que, graças à sua riqueza ou devido a serviços relevantes prestados ao imperador, ascendiam, por nomeação imperial, a um novo grupo social, a ordem equestre. O nome deriva do facto de, nos primeiros tempos de Roma, os plebeus ricos terem a obrigação de prestar serviço militar como cavaleiros e, por isso, terem que possuir cavalo.



quarta-feira, 17 de outubro de 2007

 

Uma sociedade de grandes contrastes



A sociedade romana, tal como sucedia com muitas outras, caracterizava-se pela existência de profundas diferenças. A principal era, sem dúvida, aquela que distinguiu os homens livres da grande multidão de escravos.


legionárioNa verdade, a sociedade romana dependia, em grande parte, do trabalho escravo. A expansão tinha permitido obter milhares de escravos, cuja vida era de trabalho duríssimo. Para além do trabalho no campo ou nas minas, outros escravos trabalhavam nos serviços domésticos. Outros ainda eram seleccionados para gladiadores e treinados para lutarem em espectáculos públicos até à morte. Todavia, os escravos mais valorizados eram os gregos cultos. Muitos tornavam-se secretários particulares dos seus patrões e outros acompanhavam as crianças ricas nas suas tarefas escolares, à maneira grega (os escravos pedagogos).
No final do século I a.C., por exemplo, calcula-se que existiam, na Península Ibérica, cerca de três milhões de escravos (à volta de 40% da população). A difícil situação dos escravos tinha levado, aliás, a numerosas revoltas, como foi o caso da revolta de Spartacus, em 73 a.C., violentamente reprimida.
Por outro lado, entre os próprios homens livres existiam aqueles que tinham a condição de cidadãos romanos e os que não possuíam a cidadania (Só a partir do século III o direito de cidadania foi estendido a todos os habitantes livres do Império).
Finalmente, os próprios cidadãos encontravam-se hierarquizados numa escala social determinada pelo valor das suas fortunas. No grau inferior encontravam-se os membros da plebe, isto é, os plebeus. A plebe era formada por pequenos proprietários, rendeiros, artesãos, pequenos comerciantes, etc. Muitos plebeus viviam na dependência das famílias, de quem eram clientes. Os clientes eram geralmente plebeus que estavam na dependência de uma família rica e poderosa. O cliente estava unido ao seu patrono por laços de confiança mútua: o patrono ajudava-o, dando-lhe dinheiro ou alimentos, defendia-o e protegia-o. Em troca o cliente devia-lhe respeito e obediência. Dessa forma, os patronos conseguiam que a sua numerosa "clientela", na altura das eleições, votasse nos candidatos que lhes interessavam.
Havia também um elevado número de desempregados, vivendo à custa do Estado, que os alimentava com distribuições gratuitas de trigo.



quarta-feira, 3 de outubro de 2007

 

Villae


"Villae" (no singular, Villa) eram propriedades rurais romanas semelhantes aos "montes" alentejanos actuais. Tal como a "villa" o "monte" alentejano é constituído por um conjunto de construções para habitação dos proprietários e dos trabalhadores, além de instalações destinadas a guardar instrumentos e produtos agrícolas, abrigar gado, etc. Sem dúvida que muitos dos "montes" alentejanos derivam de "villae" romanas. Existem, aliás, algumas ruínas dessas "villae" no Alentejo como, por exemplo, as de Pisões, perto de Beja.



Miniatura de uma "villa"



Villa romana de Pisões, na Herdade de Algramaça



A "villa" está implantada numa inclinação suave, junto a um curso de água, na herdade de Algramaça nas proximidades de uma represa romana.
Virada a S., com vestígios de implantação de inúmeras divisões quadrangulares, de diferentes dimensões, dispostas em volta de um átrio ("peristilium") com colunas enquadrando um tanque central ("impluvium"), antecedido do lado N. por sala com escadaria; no seu alinhamento do lado S. um grande pátio; do lado O. do perístilo uma sala de maiores dimensões rematada em muro semicircular, com um pequeno lago ao centro. A O. do conjunto habitacional o balneário constituído pelo forno ("praefurnium") e 3 salas, a central rectangular, as extremas terminando em semicírculos ("caldarium"), assentes sobre arcos apoiados em colunas ("suspensura"); nas proximidades um tanque rectangular, com 5 degraus de acesso. Do lado N. as bases de 10 colunas distanciadas de 2,30 m. A S. da "villa", paralela à ribeira, uma piscina de grande dimensões (40 x 8,30 m.), com 6 degraus de acesso.




Revestem os pavimentos de muitas das salas mosaicos, a preto e branco os mais antigos, polícromos e de tesselas maiores e maior riqueza plástica os mais recentes, com figurações geométricas e animais. Do conjunto fazia parte a "villa rustica", ainda não escavada, assinalada pela descoberta de grandes pedras de lagar e dos vestígios das construções que a formavam. Em algumas salas lajes de mármore revestem o pavimento e parte das paredes; nestas encontram-se muitos vestígios de estuques.
Uma pequena ara com a invocação da deusa Salus, fornece o nome de uma família que provavelmente aqui viveu, a de Gaio Atílio Gordo.
Merece destaque o hipocausto do balneário, superior a construções equivalentes de Conímbriga ou Miróbriga.