O Mundo Romano no Apogeu do Império - Imperadores - Roma - Romanos <

Todos os Homens honestos mataram César. A alguns faltou arte, a outros coragem e a outros oportunidade mas a nenhum faltou a vontade
- Marcus Tullius Cicero -


sábado, 26 de maio de 2007

 

Outros instrumentos de integração


Para além do exército, existiram outros elementos que contribuíram para a integração dos povos dominados no Império. O latim, a rede viária, o direito, a administração, tudo contribuiu para dar ao gigantesco "puzzle" que era o mundo romano uma efectiva unidade:

- O latim, a língua oficial do Império, passou a ser falada pela maior parte das populações urbanas (sobretudo no Ocidente), ainda que numa variante popular. Do latim vulgar viriam a derivar as línguas neolatinas ou línguas românicas, como o italiano, o francês, o castelhano, o romeno e o português;


- uma excelente rede de estradas ligava as cidades do mundo romano entre si, sendo continuamente percorrida por soldados, funcionários, comerciantes, etc;



- toda a numerosa população do Império ficou sujeita ao direito romano, isto é, às leis romanas;


- progressivamente, os habitantes do Império começaram a ser governados por autoridades administrativas locais semelhantes às da própria cidade de Roma e a obedecer a um poder central forte, o poder do imperador.



O direito de cidadania, inicialmente um privilégio dos habitantes livres da cidade de Roma, foi sendo pouco a pouco alargado a todos os habitantes do Império. No século I a.C., Júlio César declarou cidadãos todos os homens livres da Itália e, no começo do século III a.C., o direito de cidadania estendeu-se a todo o Império. A cidadania trazia às pessoas protecção legal e outros direitos, como, por exemplo, o de eleger os magistrados e poder ser eleito. Mas, por outro lado, conduzia também a um aumento de impostos, pois os cidadãos estavam sujeitos a certos tributos de que o não-cidadão se encontrava isento.


terça-feira, 15 de maio de 2007

 

O exército e a "pax romana"


A expansão romana demorou séculos e o exército foi o instrumento indispensável para essa expansão.O exército romano estava dividido em legiões. A sua organização meticulosa e a disciplina severa permitiram-lhes alcançar inúmeras vitórias sobre as tropas de outros povos.


legionário No final do século I a.C., a legião era formada por 300 cavaleiros e 4200 homens de infantaria, organizados em grupos de 100 (as centúrias, comandadas por centuriões). O exército era comandado superiormente por magistrados chamados cônsules ou pelo próprio imperador. Os oficiais, os tribunos militares, eram escolhidos entre jovens da classe superior da sociedade romana. A glória máxima dos generais romanos era o "triunfo", concedido apenas aos grandes vencedores: um desfile festivo pelas ruas de Roma, por entre aclamações populares. Atrás, acorrentados, desfilavam os chefes vencidos e centenas de escravos transportando o produto dos saques.
O exército foi, igualmente, um importante instrumento para a integração dos povos dominados no mundo romano. Depois das conquistas, as legiões permaneciam nas terras conquistadas, para impor o domínio romano e garantir a paz - a "pax romana"(1), uma paz armada, com o exército controlando qualquer tentativa de revolta das populações e vigiando as fronteiras.


legião romana A permanência dos soldados, por longas temporadas, nos diferentes pontos do Império, contribuiu para a romanização(2) das populações. Por outro lado, era frequente fundarem-se colónias militares nas províncias: os soldados, no final da carreira (os veteranos), recebiam terras como recompensa pelos serviços prestados no exército, indo ali instalar-se com as suas famílias. No ano de 25 a.C., por exemplo, o imperador Augusto recompensou vários soldados de duas das suas legiões com terras situadas na Península Ibérica, nas margens do rio Guadiana. Estes soldados "eméritos", isto é, reformados e recompensados devido ao seu mérito, fundaram aí a cidade de Emerita Augusta (Mérida, futura capital da província romana da Lusitânia).
Deste modo, estas colónias tornavam-se, autênticos centros de difusão da civilização romana.



(1) A expressão latina "pax romana" designa a situação de paz que o Império Romano conheceu durante os dois primeiros séculos da nossa era, graças à ocupação das províncias por exércitos permanentes, que impunham a ordem, reprimindo pela força, qualquer tentativa de revolta. Apesar deste carácter violento, a "pax romana" proporcionou uma época de estabilidade e de prosperidade, durante a qual a civilização romana se estendeu a todo o Império.


(2) Romanização é a influência exercida pela civilização romana sobre as populações do Império. Pouco a pouco, os diferentes povos absorveram a língua, a religião, a cultura e os costumes dos romanos, a ponde de, alguns séculos depois da conquista, poucas diferenças se notarem entre os habitantes da Itália e os da Peníncula Ibérica, por exemplo.